segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PESADELO NOTURNO



A rodovia por onde trafegavam era deserta, sem casas ou postos de gasolina na beirada da estrada, apenas mato e floresta. Raphael conduzia o veículo branco acompanhado de quatro meninas – Isadora, Letícia, Gaby e Luana. A luz do dia havia desaparecido, e agora a escuridão da noite, seguida de uma fina camada de névoa, os acompanhava.


— Será que estamos longe? — perguntou Letícia, que estava no banco da frente.


Raphael, sério e compenetrado na direção do veiculo, não deu atenção e permaneceu olhando para frente. No banco de trás, as meninas tagarelavam sem parar. Por quase duas horas andaram sem mudar o ritmo das coisas, até que, em determinada altura da viagem, Gaby observou algo apavorante.


— Gente, vocês viram isso?


— Isso o quê, Gaby? — perguntou Isadora, a mais brincalhona das meninas.


— Meu Deus! Será que só fui que vi. Tinha um cachorro pendurado na cerca lá atrás. Ele estava aberto no meio... — ela ficou séria e todos a olharam.


Talvez eles até não tenham acreditado nela, mas o fato é que, minutos depois, ao parar o carro por causa de um pneu furado, eles, quem sabe, acreditariam.


— Mas que coisa... Tinha que furar justamente agora?! — disse Raphael.


— Ai gente, preciso de um banheiro.


— Mas vai no mato, Luana — sugeriu Isadora.


Minutos depois, um grito ecoou. Todos correram em direção ao lugar onde Luana estava. Quando lá chegaram, viram o horror estampado. Ela estava nua, tinha sido esfaqueada e sangue cobria todo o seu corpo. As meninas gritaram e Raphael levou a mão à boca. Eles não estavam sós! Quando voltaram para a estrada, se depararam com algo, talvez, ainda mais assustador. No capô do veículo branco, um cachorro estava morto e aberto ao meio. Sobre ele jazia uma placa com a seguinte inscrição: Vocês não estão a sós!


— O mesmo cachorro de antes! — Gaby lembrou-se dos quilômetros atrás.


— Meu deus! — disse Raphael.


— Quem será que fez isso? — perguntou Letícia.


Gaby e Isadora se entreolharam, e nisso, perturbadas com a imagem que viam e com o que podia acontecer, começaram a correr floresta adentro. Invadiram a mata densa a fim de sumir dali e daquele horror. Raphael tentou impedi-las e correu atrás delas.


— Leti, fiquei ai. Não sai! — disse ele correndo de costas.


Poucos metros depois ele alcançou Isadora e a segurou. Gaby tinha sumido no meio da floresta. Raphael levou Isadora para a estrada, onde Letícia os esperava. Quando chegaram próximo ao carro, observaram o pior. Letícia estava deitada no chão, sem a cabeça. Isadora fez menção em vomitar, mas, antes de fazê-lo, um grito longo se ouviu no meio da escuridão da mata. Era o grito de Gaby, a terceira menina a ser morta.


Ali, Raphael e Isadora não sabiam o que fazer, nem para onde ir. As meninas estavam mortas, o carro estava destruído, e alguém queria matá-los. Pensando em o que fazer – e apavorados –, Raphael sentiu quando um barulho de botas vinha de suas costas. Ambos se viraram. Isadora gritou. Do meio da escuridão da rodovia estava um homem com uma máscara de frente para eles. Seus olhos eram negros. Munia-se de uma foice, e não demorou muito para degolar Raphael e fazer picadinhos de Isadora. Pronto. Todos mortos.


Acordei no meio da noite. O pesadelo tinha me golpeado. Liguei para Raphael e pedi se ele estava bem e se as meninas estavam em casa. Ele disse que sim e pediu o que eu tinha. Sem titubear, disse que tinha sonhado que todos eles tinham sido assassinados.