
Sabe, às vezes, em certas ocasiões, lembro-me de uma frase dita não sei por quem, que dizia que as pessoas especiais têm o dom de entrar em nossa vida e nos fazer compreender a beleza inesgotável de nossa existência, mas que quando partem, não vão sem deixar algo de si, pois toda pessoa deixa em nossa alma alguma lembrança, alguma característica que faz de nós eternos prisioneiros de nossa memória, fazendo com que a recordemos perpetuamente, até o último suspiro de nosso ser.
Várias foram as pessoas que passaram e que ainda passarão pelo meu caminho. Destas, todas souberam deixar um rastro de saudade e recordação. Assim, como num momento de nostalgia, recordo-me agora de Julia. À época em que a conheci, eu estudava medicina e ela, ao que me consta, estava tentando ingressar na faculdade. Fomos apresentados por um amigo, que, segundo me disse, nos daríamos muito bem, pois tínhamos gostos musicais em comum.
– Ariel – lembro-me desse meu amigo me dirigindo a palavra – essa é Julia.
Quando a vi, tive a breve sensação de embaraço e desconforto, tamanha era sua beleza e a grandeza do seu sorriso. Recompus-me rapidamente e me virei para ela.
– Prazer, Julia.
– O prazer é todo meu – disse mergulhada em sorrisos – Ouvi falar bem de você.
Naquele momento percebi, desde logo, que iríamos nos dar bem, e que ela já era uma pessoa especial para mim. Esse foi o primeiro de muitos encontros, de muitas aventuras e de muitos sorrisos e trocas de conhecimentos e afetos.
As coisas não me iam bem, e ter encontrado Julia, àquela altura da minha vida, foi algo extraordinário, pois toda a dor, rancor e medo que a vida havia me injetado, começou a desaparecer rapidamente com a chegada dela. Eu via em Julia um conforto para minha vida, mas em momento nenhum senti atração além de amizade. Contudo, como não soubemos coordenar nossos sentimentos e principalmente o coração, percebi, certa tarde, que as batidas que me alvejavam o peito e as têmporas tinham um compasso diferente. Naquela tarde, quando cheguei em sua casa, pela janela a vi cantando uma linda canção, que por sinal, muito me apetecia. Julia cantava como um anjo, mesclando sorrisos com feições de ternura. Resolvi bater à porta, e ela logo veio me atender.
– Que música é essa? – perguntei assim que entrei.
– Ah, essa é minha música predileta. Sinta a energia... – disse ela, dançando.
A música permaneceu em mim, e por dias a fio não consegui tirá-la de minha cabeça. A canção acabou se tornando a nossa música, e muito embora eu a tenha beijado uma única vez, hoje parece que a beijei por vários anos seguidos.
Enfim, Julia me deixou, mudou-se de cidade, gerando lágrimas em mim. Ainda nos comunicamos por muito tempo, e depois de várias semanas sem conseguir contato com ela e de manter-me preocupado com a sua ausência, torne-me aflito.
Amaldiçôo-me diuturnamente ao lembrar o dia em que recebi a noticia. Julia havia se ido, havia deixado o mundo dos mortais. Falecera sem que eu pudesse me despedir. Foi uma dor intensa, tão grande que ainda hoje não encontro palavras para poder me expressar sobre o real significado da sua ausência e morte.
Hoje percebo que a música talvez seja o maior de todos os grandes expectadores da vida, vejo como ela pode, de forma tão impressionante e forte, fazer recordar uma pessoa. Não passo um dia sem ouvir aquela música que trás Julia para mim.
Existem muitas músicas e muitas pessoas, mas existem poucas músicas para aquelas poucas pessoas que só você sabe quem é e só você sabe como recordar. Acredite, a vida é uma eterna canção: tem um início, um meio e um fim, e para os que acreditam, também pode ter continuação...
Várias foram as pessoas que passaram e que ainda passarão pelo meu caminho. Destas, todas souberam deixar um rastro de saudade e recordação. Assim, como num momento de nostalgia, recordo-me agora de Julia. À época em que a conheci, eu estudava medicina e ela, ao que me consta, estava tentando ingressar na faculdade. Fomos apresentados por um amigo, que, segundo me disse, nos daríamos muito bem, pois tínhamos gostos musicais em comum.
– Ariel – lembro-me desse meu amigo me dirigindo a palavra – essa é Julia.
Quando a vi, tive a breve sensação de embaraço e desconforto, tamanha era sua beleza e a grandeza do seu sorriso. Recompus-me rapidamente e me virei para ela.
– Prazer, Julia.
– O prazer é todo meu – disse mergulhada em sorrisos – Ouvi falar bem de você.
Naquele momento percebi, desde logo, que iríamos nos dar bem, e que ela já era uma pessoa especial para mim. Esse foi o primeiro de muitos encontros, de muitas aventuras e de muitos sorrisos e trocas de conhecimentos e afetos.
As coisas não me iam bem, e ter encontrado Julia, àquela altura da minha vida, foi algo extraordinário, pois toda a dor, rancor e medo que a vida havia me injetado, começou a desaparecer rapidamente com a chegada dela. Eu via em Julia um conforto para minha vida, mas em momento nenhum senti atração além de amizade. Contudo, como não soubemos coordenar nossos sentimentos e principalmente o coração, percebi, certa tarde, que as batidas que me alvejavam o peito e as têmporas tinham um compasso diferente. Naquela tarde, quando cheguei em sua casa, pela janela a vi cantando uma linda canção, que por sinal, muito me apetecia. Julia cantava como um anjo, mesclando sorrisos com feições de ternura. Resolvi bater à porta, e ela logo veio me atender.
– Que música é essa? – perguntei assim que entrei.
– Ah, essa é minha música predileta. Sinta a energia... – disse ela, dançando.
A música permaneceu em mim, e por dias a fio não consegui tirá-la de minha cabeça. A canção acabou se tornando a nossa música, e muito embora eu a tenha beijado uma única vez, hoje parece que a beijei por vários anos seguidos.
Enfim, Julia me deixou, mudou-se de cidade, gerando lágrimas em mim. Ainda nos comunicamos por muito tempo, e depois de várias semanas sem conseguir contato com ela e de manter-me preocupado com a sua ausência, torne-me aflito.
Amaldiçôo-me diuturnamente ao lembrar o dia em que recebi a noticia. Julia havia se ido, havia deixado o mundo dos mortais. Falecera sem que eu pudesse me despedir. Foi uma dor intensa, tão grande que ainda hoje não encontro palavras para poder me expressar sobre o real significado da sua ausência e morte.
Hoje percebo que a música talvez seja o maior de todos os grandes expectadores da vida, vejo como ela pode, de forma tão impressionante e forte, fazer recordar uma pessoa. Não passo um dia sem ouvir aquela música que trás Julia para mim.
Existem muitas músicas e muitas pessoas, mas existem poucas músicas para aquelas poucas pessoas que só você sabe quem é e só você sabe como recordar. Acredite, a vida é uma eterna canção: tem um início, um meio e um fim, e para os que acreditam, também pode ter continuação...