
Para o pequenino Ed, o natal sempre foi motivo de muita alegria. Ele acreditava em Papai Noel, porém, nunca teve a glória de vê-lo. E agora, com 8 anos de idade, sonhava em ter essa grande oportunidade de ficar frente a frente com ele.
– Ed, se você não se comportar, o Papai Noel não vai lhe trazer presente – dizia seu pai, toda vez que ele fazia algo de errado.
Entrava ano e saia ano e Ed, todo dia 25 de dezembro acordava cedo e corria até a árvore de natal, que ficava na sala, defronte a lareira onde, segundo a sua mãe, o Papai Noel descia e depositava o presente que ele tanto havia desejado.
Agora, carregando oito precoces primaveras, o pequeno Ed começava a se perguntar quem era o Papai Noel, de onde ele vinha e como ele chegava até sua casa. A noite era 24 de dezembro, e depois de voltarem da celebração de natal e de jantarem os três juntos, Ed olhou para aquele pinheirinho todo colorido, com bolas coloridas, com enfeites de Papai Noel, luzes piscando, um presépio ao pé da árvore, e pensou consigo mesmo: Hoje verei o Papai Noel! Hoje ficarei acordado para vê-lo depositar ali o meu presente. Mas Ed pensou alto, e sua mãe, infelizmente, ouviu seu pensamento.
– Como é mocinho? Nada de ficar acordado hoje à noite – ela o repreendeu. – Saiba que o Papai Noel não gosta que as crianças fiquem acordadas. Alias, vou lembrá-lo de que ele anda por ai à noite, e quando percebe alguma criança acordada começa a fazer barulhos estranhos, como arrastar correntes, e coloca essas crianças em seu saco.
– É verdade, pai? – assustado, ele o interrogou.
– Claro, Ed. Agora vá dormir. Amanhã você terá uma surpresa.
Carregando esse maldito pensamento, Ed deu boa noite aos pais e subiu para o seu quarto, onde tentou dormir. Pensou no que a mãe havia lhe dito e sentiu uma pontada de medo, mas logo, se lembrando da surpresa, abriu um riso. A noite andou, mas Ed não conseguiu pregar os olhos. Lá fora a neve caia lentamente e ali dentro o frio e a angustia não o deixavam pegar no sono. Não se sabia ao certo à hora, sabia-se apenas que era alta madrugada quando, de repente, Ed levantou. Estava decidido: iria esperar o Papai Noel lá embaixo. Veria o bom velhinho pela primeira vez!
Desceu as escadas cuidadosamente e, velado por uma penumbra cálida e fria, não ligou as luzes. Lá embaixo observou a neve cair e, de pijama, ficou em frente à lareira, esperando-o. Minutos se passaram até que, de súbito, o incomodativo barulho de correntes lhe assaltou os ouvidos. Ed se enregelou de medo. Fitou a lareira e escutou um estrondo. Lentamente começou a sair dela uma figura vestida de vermelho, barba branca e com um saco às costas. Ed sorriu, talvez aliviado ao ver o bom – ou mau – velhinho.
– Papai Noel! – estupefato, disse a si mesmo. – Você existe...
A figura de vermelho caminhou até ele e o pegou no colo. Ed estava a centímetros do rosto do Papai Noel. Sentia a respiração do homenzarrão vestido de vermelho que transmitia paz, amor, bondade e... Ilusão! A figura que o segurava não era aquilo que as crianças ou que algum de nós de fato havia de imaginar que fosse.
Com uma das mãos segurou Ed pelo pescoço e colocou-o no chão. Do seu saco extraiu um pequeno machado e, de um golpe só, em meio à escuridão da noite, degolou o pescoço do menino e deixou a cabeça de lado. Depois, com o mesmo machado, fez picadinho de seus membros. Terminado, a figura monstruosa tirou a mascará que cobria seu rosto. Seu aspecto era fantasmagórico. O Papai Noel era do inferno!
Pela manhã os pais de Ed acordaram e foram até a sala. Perceberam que além dos presentes que eles haviam depositado sob a árvore, duas outras caixas jaziam ali. Viram seus nomes sobre elas e entreolharam-se. Abriram os presentes ao mesmo tempo, e quando conseguiram ver o que dentro havia, seus sorrisos rapidamente desapareceram. O pai avistou a cabeça decepada do filho em uma caixa menor, e a mãe, de forma horrenda, os membros do pequenino Ed na caixa maior. O natal macabro acabava ali!