segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O SONHO QUE JAMAIS DEIXAREI DE SONHAR


O ser humano só morre a partir do momento que deixa de sonhar. Por isso hoje, depois de tanto tempo sem vê-lo, sem tocá-lo, sem senti-lo me abraçando, conservo em minha alma o sonho secreto de ainda reencontrá-lo. Nunca compreendi como a vida pode ser tão ingrata, mas, a partir do momento que ela extrai algo de nossas mãos, começamos a entender que, na verdade, ela apenas quer nos dar uma lição, e que todos os atos não dependem dela, mas sim, de nós mesmos.


Hoje estou aqui, faz frio ao meu redor e, acreditem, me encorajo a estar aqui. Sentada em frente ao mar, nessa areia fina e fofa, olho as ondas que quebram num murmúrio triste de saudade. Lembro-me dele. Sim, lembro-me dele. A saudade é tanta... Vislumbro a praia vazia, o vento que ligeiramente me abraça, me esfria, as gaivotas que dançam no céu, me observando, assim como eu observo a imensidão azul do mar sem fim. Lá no horizonte o sol se punha, devagarzinho, em total solidão. Os últimos raios pincelam a areia da praia, assim como as lágrimas que adornam meu rosto triste.


— Sinto tanta saudade de você! — digo a mim mesma, olhando as águas agitadas.


Subitamente me vem uma imagem longínqua, mas sempre presente, do nosso último encontro. Ele, tão amável e carinhoso, disse-me que jamais queria me perder. Olhei-o e dei-lhe um beijo. Em seguida, ele respirou profundamente e me fitou.


— Quisera eu que o mundo acabasse agora, meu amor.


— Por quê? — perguntei, curiosa.


Ele soltou um riso.


— Assim, desta forma, morreríamos juntos, e nossas almas viajariam para a eternidade, onde ficaríamos perpetuamente unidos, num fim totalmente nosso.


Seu beijo desfez meu riso de repente, mas, enquanto sua boca me possuía, pude sentir algo úmido em meu rosto. Era uma lágrima. A única lágrima que até hoje percebi sair de seus olhos verdes.


Um emaranhado de lembranças avulsas me persegue diuturnamente. É estranho, pois não posso ver o mar. Me lembra ele. Não posso ver o pôr do sol. Me lembra ele. Não posso ouvir a chuva. Me lembra ele. Não posso deitar a cabeça sob o travesseiro. Me lembra... bom, eu não posso nem respirar, pois isso também me lembra ele.


Antes que me esqueça de falar, meu nome é Gabriela, e digo, acima de qualquer coisa, que amo a vida e as pessoas que me amam – nesse momento sinto o cheiro da praia, os sons, o frescor da brisa que me brinda com o seu doce ar de natureza, amor e... saudade!


Contudo hoje, aqui defronte ao mar, recordo os momentos bons que juntos passamos e conservo os sonhos para não deixar cair-me em desgraça. Talvez ele esteja pensando em mim em algum lugar, talvez não. Talvez ele até esteja morto – cruzes, que coisa idiota eu disse!. Não, morto ele jamais estará, pois vive loucamente dentro de mim e sempre viverá.


Espere! Lembrei-me de outra coisa que ele me disse certa vez. Caia uma garoa fina e estávamos caminhando próximo a praia sob um guarda- chuva negro que ele carregava.


— Quando eu morrer, quero que não chore. Transforme as lágrimas em lembranças boas que juntos tivemos. A morte não deve ser o sinal da tristeza, afinal de contas, essa vida é apenas passageira, já a outra, é eterna. Olhe para trás e veja o que eu fui, vivi e fiz.


Agora, lentamente eu me levanto. Enxugo uma lágrima, e tenho certeza que esse é um sonho que jamais deixarei de sonhar, porque sei que ele está me esperando, e que sua morte, apesar de me fazer sofrer, me acalma, pois lá de cima, ele sabe me cuidar.



3 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito do seu estilo, o texto me prendeu de uma forma interessante... Meus parabéns, vc é talentoso.

Gabriela Bambini disse...

sem comentários....
estou emocionada...
Eh tão bom saber que sou especial....
amei meu conto....
te adoro muito meu amigo.
Sempre, sempre vai estar no meu coração!
Obrigada mesmo....
Ti amuuuu

Agny Tayná disse...

Liindo Ceelo !
Ameeei muitoo viu, vc escreve muito bem !

Beijãao, sucesso!