terça-feira, 15 de março de 2011

PREMATURO



O que mais poderia desejar um jovem casal do que um fruto proveniente do seu amor? A notícia veio na hora do jantar. Ele saboreava a comida silenciosamente, e ela, querendo compartilhar aquela informação, permanecia a sua frente, inerte.


— Estou grávida — soltou ela.


De repente tudo ficou parado: o alimento que ele mastigava estancou, e o braço parou no ar quando novamente levaria o garfo à boca. Ele arregalou os olhos. Engoliu em seco aquela noticia e soltou o único talher sobre o prato.


A gravidez iniciou com normalidade. Às vezes ela sentia algumas pontadas, às vezes o estresse a acorrentava a certo ódio. Mas, em outras, e com mais freqüência ela começava a sentir nojo do que carregava em seu ventre. A jovem bela e delicada, começava a engordar, a criar manias e, além disso, a visão de sua barriga causava-lhe certo nojo.


— E como vai o nosso bebe? — perguntou ele, certa vez.


— Nem me fale. Tomara que venha logo essa desgraça, não agüento mais carregar isso dentro de mim como se fosse um incomodo.


Ela, que tanto desejou um filho, começou, pouco a pouco, a não mais o querer. O estresse, o ódio, o rancor e o desejo de fugir, envolveram-na em um manto de negror onde nem a psicologia conseguia explicar. Mas, finalmente chegou o dia de conhecer o sexo do inocente. Deitada na cama, o médico começou a examiná-la e, franzindo o cenho, falou:


— É... é estranho. Não há sinal algum de... lamento. Você não está grávida.


— Como não? — ela se espantou. — E esse meu barrigão de leitoa é o que?


Os meses passaram, e a barriga continuava crescendo. Muitas dores começaram a lhe golpear, e ela sentiu que havia alguma coisa dentro de sua barriga. Mas o que? Seis meses depois da notícia compartilhada à mesa, eles resolveram fazer o que deveria ser feito.


Na sala cirúrgica, os médicos espantaram-se com o tamanho de sua barriga. O marido observava do lado de fora, pelo vidro. E, quando os médicos ia começar a manusear os instrumento, eis que algo sob a pele começava a se mexer. Todos ficaram assustados. Alguma coisa viva queria sair de dentro dela. E, de repente, como se uma navalha interna estivesse trabalhando, seus tecidos foram se rasgando, a barriga foi se abrindo, o sangue foi escorrendo, e algumas vísceras começavam a aparecer. Mas foi quando a barriga se abriu de uma maneira impossível, que o espanto e o horror os invadiu.


Das entranhas daquela bela e amaldiçoada jovem, uma figura monstruosa assaltava aos seus olhos dos presentes. Aquilo que se externava tinha a pele vermelha, não pelo sangue, mas por alguma outra coisa. Os olhos gigantes, quase do tamanho da cabeça não eram horizontais, mas sim, verticais. A boca continha dentes afiados e eram para fora, assim como as orelhas. No couro cabeludo, a criatura ostentava apenas alguns fios de cabelo. As mãos, tão enormes quanto a cabeça, tinha três dedos afilados e afiados como navalha. As pernas sim, eram pequenas, e continha pés de nadador, sem dedos. Quando falou, fez gelar o sangue de todos. Era o horror em pessoa.


— É o demônio — disse um médico.


O marido não acreditava no que via. Fechou os olhos e apenas escutou o terror e o pesadelo acontecer ali dentro. Quando voltou a abri-los, viu o massacre que a criatura havia feito. Todos ali estavam mortos, decepados, fatiados como pão. A sala branca agora estava vermelha de sangue e resto de corpos. E o filho que ela sempre desejou, e que passou, com o tempo, a não querer mais, havia desaparecido — ou voltado para as sombras do inferno.


Dentro da sala, a única alma viva era a da jovem.



4 comentários:

Anderson Faleiro disse...

desculpe, mas nao posso negar que achei um tanto previsível seu texto, ja havia vindo algumas vezes, achei meio estereotipada a tal "criança", mas uma boa história de fato, espero que na próxima fuga um pouco do estereótipo e deixe fluir mais nas descrições, ficou muito limitado..

até a proxima


http://bonecozumbie.blogspot.com/

Thyagoo disse...

da medo isso

Anônimo disse...

Coragem!!!

É assustador..... mas muito bom...

Anônimo disse...

nossa q sorte dela

Alison Giolo