Suponho que alguma vez você se perguntou para aonde vão as almas daqueles que a morte vem buscar. De fato essa é uma questão difícil de ser interpretada, mas para um menino em especial, a coisa é bem clara. Kévin, de 12 anos de idade, pálido, taciturno, imerso em solidão, não possui amizades normais. O que quero dizer é que Kévin é amigo das almas das pessoas que nos deixaram.
Não sei se isso pode ser considerado um dom, mas que é assombrador, isso é. Segundo Kévin as almas estão em todo lugar e em toda a parte, aonde quer que vamos ou estejamos. Você já parou pra pensar que em vez do vento, o que sentimos é o toque das almas? Para o pálido garoto, é exatamente isso que acontece: as almas nos tocam!
Uma noite, Kévin estava na sala com os pais quando de repente sua mãe sentiu um arrepio. Imediatamente o menino olhou às suas costas e observou a alma de uma senhora roçando lentamente os dedos pela nunca da mãe.
– Tem alguém atrás de você, mãe – anunciou ele.
– Como assim, Kévin?
– O arrepio que você sentiu é uma alma lhe tocando...
– Cruz-credo, Kévin, pare com isso! Vai me assustar.
Em segundos, a senhora desapareceu.
Em outra oportunidade, quando estavam na mesa de jantar, seu pai sentiu frio. Kévin observou e viu que um menino, um jovem, acariciava os ombros do pai. A alma do jovem lhe sorria e ele retribui o sorriso.
– O que foi Kévin? – perguntara o pai.
– O seu frio... é uma alma que está lhe tocando os ombros...
Ter a capacidade de ver as almas talvez não seja tão agradável assim, mas Kévin não se sentia perturbado com o estranho fato. Às vezes, em momentos diversos, encontrava-se com almas fazendo coisas mirabolantes, e, em todo lugar que ia, lá estavam elas tocando as pessoas, acariciando-lhes a pele... O fato é que ninguém nunca se perguntou porque Kévin sorria sozinho ou fazia gestos sem ter uma pessoa por perto. Observavam e achavam que o menino, munido de insignificante presença e portador de medíocre saúde, solidão e falta de amizades, tivesse problemas com alguma coisa provinda da mente.
Mas essa sua vida de admiração de almas perdurou por pouco tempo. Certa manhã Kévin foi encontrado sem vida, na cama do seu quarto. Morrera jovem, prematuro. Seu corpo havia deixando a vida, mas a sua alma... Há que se perguntar: você já parou pra pensar que as almas das pessoas que amamos podem viver por ai, entre nós, nos cuidando, nos guiando, nos tocando nos arrepios ou nos acariciando no vento? Isso é uma incógnita, cuja veracidade era atribuída apena a Kévin, e a dúvida, além de nós, aos seus pais também.
E foi isso que sua alma fez depois que seu corpo se foi: cuidou dos pais, tocou-os, acariciou-os e, para que acreditassem nisso, escreveu-lhes uma carta.
“Papai e mamãe.
As pessoas que amamos nunca morrem, nunca nos abandonam. Sei que em vida vocês nunca chegaram a acreditar em mim, mas agora que estou morto, peço que acreditem. Minha alma vive por ai, a guiá-los, a cuidá-los, e toda vez que sentem arrepios ou frios repentinos, sou eu quem os toco ou acaricio.
Quero dizer que as pessoas não se vão para sempre, pois mesmo depois de mortas suas almas permanecem por aqui, ou seja, nossa presença sempre será sentida.
Kévin.”
4 comentários:
Marcelitoooo
Você está cada vez melhooor *-*
Se bem que me deu medo, AUSHUAHSUHAS'
Continua assim!
Amei amor! É tocante e profundo, e ao mesmo tempo arrepiante.
Te amo!
Ótimo conto que da medo e ao mesmo tempo vontade de ler mais, continue assim pois seu sicesso ja existe e eu sou seu fã.
Nossa ameei ...
Lendo "O toque das almas"
senti muitos desses calafrios.
No pate-papo que teve na minha escola com você, você nos disse que as suas histórias são todas ficção...
será que isso não acontece mesmo??
Adorei o seu Blog
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