sábado, 14 de janeiro de 2012

PUNHOS EM AÇÃO, SANGUE NO CHÃO


Jamais faça mal algum a mulheres e crianças inocentes, você poderá se machucar. Digo isso porque certa vez quase destruí a face de um homem, e só não o matei porque vizinhos me arrancaram de cima do maldito. Até hoje acho que nunca tive tanta raiva e ódio em toda a minha vida... mas não me arrependendo de nada.

Seu nome era Javier Mendonça, um mexicano metido a vendedor de produtos de limpeza que volta e meia visitava minha casa, não a fim de vender, mas a fim de dar em cima de mulher, como vim percebendo nos últimos dias.

Sempre trabalhei, desde pequeno. Na infância, quando meu pai me levava junto com ele para o seu local de trabalho – uma oficina mecânica a algumas quadras de casa –, eu desenvolvia o oficio da profissão com os olhos, e depois com as mãos. Com dezoito anos fui convidado para participar de um campeonato de luta, onde após observar minha envergadura e ficar, de certa forma, estupefato com o meu tamanho, um dos clientes da oficina me ofereceu suporte e disse que eu seria um grande lutador. Concordei com a ideia e, enfim, dias depois estava lutando pela primeira vez.

Anos depois conheci Val, mulher cujo relacionamento nos presenteou Louis, nosso lindo filho. Após constituir a minha família, continuei trabalhando na oficina e fui aumentando minha popularidade nas lutas que participava. Tudo ia bem, até que Javier veio para atrapalhar as coisas.

Naquele dia, com a camisa nas mãos, fui chegando em casa. As botas, apesar de pesadas, quase não fazia barulhos. A calça estava toda suja e meu peito e abdômen externavam alguns resquícios de motores múltiplos. Percebi tudo calmo até então, nada de anormal, até que, quando fui chegando à garagem, ouvi um grito e alguns soluços. Soltei a camisa e corri casa adentro. A primeira visão que tive foi do meu filho sentado no chão da sala chorando. Olhei-o e peguei a primeira coisa que vi pela frente: um abajur. Segui furioso com ele na mão. Minhas vistas avistaram Javier com uma mão no pescoço de Val e com a outra tentando invadir suas pernas por baixo do vestido.

Por tudo que é mais sagrado, eu me senti como se uma corrente elétrica entrasse pelas minhas veias e tomasse conta do meu corpo, possuindo-me como um demônio. Senti elas se dilatando e meus olhos se abriram de uma maneira que o sangue poderia a qualquer momento explodi-los. A minha boca pareceu salivar. Agarrei aquele abajur e, a sangue frio, bati com tudo nas costas de Javier, que caiu no chão. Pedi a Val como ela estava e quando percebi, ele estava se levantando. Fui até ele e chutei seu rosto com o peso das minhas botas. No chão, peguei-o pelo colarinho e o ergui, jogando contra a parede. Minhas mãos voaram de encontro a seu estomago e seu rosto inúmeras vezes. Enquanto ele gemia, eu gritava como um doente, um doido, um maluco afoito querendo a todo custo mostrar que ele não devia de modo algum ter entrado naquela casa.

Peguei Javier pelos cabelos e o arrastei para fora da casa. No jardim ele minhas mãos e pés davam o corretivo merecido. O sangue começou a sair de sua boca e nariz. Javier não mais possuia força alguma. Meus dedos ardiam, mas eu não estava me importando, pois naquele momento a única coisa que eu queria era que o movimento do meu braço acelerasse para bater cada vez mais naquele filho da mãe.

Depois de alguns minutos, senti dezenas de mãos sobre meus ombros e minhas costas. Eram os vizinhos me arrancando dali. Quando me afastei, vi que a grama estava manchada de vermelho com o sangue de Javier e que ele estava desmaiado, coberto de sangue por todo o corpo. Eu ofegava, cansado de tanto batê-lo com meus punhos.

Quando a ambulância chegou, eu estava abraçado em Val e Louis, protegendo-os. Javier foi levado para o hospital e minha raiva e ódio aos poucos começou a sumir, como se um calmante tivesse entrando em meu sangue. Beijei meus maiores tesouros.

Um comentário:

Josimar Correia disse...

Marcelo...Sempre muito inspirado, sempre muito inteligente. Lindo texto!