Não é nada incomum quando as palavras
não vêm
Ainda mais quando o dia gélido faz
congelar até a alma.
Mas, muito embora a ausência permaneça
A vontade de fazer-te jamais há de
fugir.
Sabe, em algumas noites de insônia eu me
peguei pensando
Em coisas que talvez a minha cabeça
tenha criado.
Pode ser que eu tenha insinuado algumas
situações
Mas eu não posso ficar pensando nessa
possibilidade,
Quando longe de mim você está.
Eu desejaria ver seus olhos claros nesse
momento...
Desejaria ver a noite fria acariciar a
face
Como um sopro de saudade, de ternura, de
ardência.
Caminhamos por caminhos árduos, meu bem!
Vivemos momentos de infortúnio, de
glória...
E vagamos como fantasmas pelas calçadas da
história.
Ontem eu tive um sonho... ou seria um
pesadelo?
Os passos me guiavam por uma floresta
negra
Cheia de sombras e monstros que minha
mente criava.
As árvores choravam sangue em meio ao
verde
E uma sucessão de mistérios acontecia.
Eu me perguntava o que eu estava
fazendo nessa vida...
Qual era o real motivo de minha
existência?
Quem eram as pessoas ao meu redor?
O que Ele teria guardado para mim no
futuro?
Por que tenho andando a esmo como um cão
solitário
Apenas ouvindo a música que toca longe
como um suspiro?
E nesse sonho eu fui caminhando sem ver
você.
A floresta negra finalmente se abriu e
dei de cara com o mar.
A imensidão forneceu uma bela imagem aos
meus olhos.
O vento era frio e a areia fina, muito
fina.
Lentamente, como um enfermo, as ondas do
mar
Começaram a beijar meus pés, enterrando-os
na areia.
Olhei para todos os lados, não havia uma
alma ao meu redor.
Contudo, milhões de seres me observavam.
Os fantasmas riam de escárnio de mim, os
monstros, à espreita
Apenas contemplavam a dúvida em pessoa,
ali parada.
De repente uma sensação estranha me
fisgou.
Senti o sangue gelar em minhas veias, a
cabeça queria estourar
E comecei a perder os sentidos.
Foi então que o mar pareceu a coisa mais
bela do mundo...
Era como se uma mulher viesse me pegar
pela mão.
Dei o primeiro passo, e depois mais
outro.
Afinal, quem sou eu? Não existe resposta
para essa indagação.
A noite gélida contemplava o horror.
Comecei a caminhar mar adentro...
Então foi assim, calma e bravamente o
fim!
Ninguém tentou me impedir, ninguém
tentou me ajudar.
Mas alguém, em algum lugar, talvez
quisesse estar comigo.
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